O que vimos e ouvimos nos últimos dias acerca da sétima arte? O que mudou no atual panorama nacional e internacional? Aqui fica o nosso balanço.
Nos últimos dias assistimos, muito lamentavelmente, à perda de uma das figuras incontornáveis do audiovisual português, Nicolau Breyner (1940-2016). O ator, produtor e também realizador partiu aos 75 anos de idade, após um fatídico ataque cardíaco no passado dia 14, mesmo assim ofereceu-nos vasto e extraordinário currículo que promete não ser esquecido.
Nico, como era conhecido pelos familiares e amigos, foi um dos pioneiros na formação de atores no nosso país com a fundação da NBP Produções, a atual Plural Entertainment, que todos os anos apresenta-nos jovens de inesgotável talento.
Nascido em Serpa, o mítico ‘senhor Contente’, cedo mudar-se-ia para Lisboa onde se formou em Canto e Teatro pelo Conservatório Nacional e onde participaria em mais de 100 projetos, entre os quais o programa “Eu Show Nico” (RTP), a série “Equador” (TVI), as telenovelas “Vingança” (SIC), “Meu Amor” (vencedora do Emmy pela TVI) e mais recentemente em “A Impostora” (TVI), cuja estreia está marcada ainda para este ano. No cinema, de relembrar o seu último projeto atrás das câmaras em “7 Pecados Rurais” (2014), o drama com Maria do Céu Guerra “Os Gatos Não Têm Vertigens” (2014) e ainda “Comboio Noturno para Lisboa” (2013) realizado por Billy August com um elenco internacional de luxo: Jeremy Irons, Mélanie Laurent, Jack Huston, Christopher Lee e a recentemente nomeada ao Óscar Charlotte Rampling.
Vale ainda a pena recordar que Nicolau Breyner teria um projeto muito dispendioso e arriscado para realizar na Região Autónoma da Madeira, como o próprio o enunciou em 2012 no âmbito Madeira Film Festival. Fica apenas o interesse que tinha na nossa ilha enquanto potencial local de rodagem que, como sabido, preciosamente valorizamos.
Num outro plano, e por estarmos em semana de Páscoa destacamos as apostas dos canais televisivos em programas de qualidade, desde logo a exibição de uma narrativa bíblica, “A Tenda Vermelha”, neste sábado à tarde na SIC.
Apesar de ser uma mini-série não deixa de ter menor impacto que um filme, pelo menos quando é descobrimos que é protagonizado por Rebecca Ferguson, a femme-fatale de “Missão: Impossível – Nação Secreta” muito provavelmente uma das atrizes a prestar atenção pelas suas capacidades performativas – aos mais atentos a sua expressão facial relembrará a também sueca Ingrid Bergman. Além disso, é notável esta aposta em produtos audiovisuais que visam reafirmar um género cuja época de ouro é atribuída aos blockbusters de Hollywood como “Os 10 Mandamentos” (1956), de Cecil B. DeMille ou “Ben-Hur”(1959), de William Wyler. Daí a importância da estreia nos cinemas de “Ressurreição” com Joseph Fiennes, Tom Felton (o Draco Malfoy de Harry Potter) e Peter Firth. Nele contam-se com inteligência e incrível cuidado por parte do seu realizador Kevin Reynolds, os misteriosos eventos que decorreram entre a Crucificação e a Ressurreição de Jesus Cristo. A interpretação de Fiennes mostra-nos como um homem pode ser agitado pelos momentos que ultrapassam as suas crenças e comprovam um mundo em total mudança.
Terminamos como não poderia deixar de ser, com o anúncio da estreia de mais um filme português “John From”, realizado por João Nicolau e protagonizado por Leonor Silveira e Filipe Vargas, marcada para o próximo dia 31. Nele conhecemos Rita (Júlia Palha), uma jovem de 15 anos que tem tudo para ser feliz, molha o chão da varanda e chapinha enquanto apanha valentes banhos de sol. Tem um ex-futuro namorado e o presente infalível da sua melhor amiga. Faz tranças e tem festas onde mostrá-las, todavia este mundo de doçura desaba quando observa a exposição que um novo vizinho apresentada no centro comunitário do bairro. John From trata-se de uma viagem desde Portugal até ao Pacífico Sul, que uma vez mais pretende dar passos na evolução do drama nacional.